O fim do ano traz inúmeras oportunidades. É tempo para reavaliar o que passou nos últimos doze meses e/ou tempo para planejar os próximos.

Ao trabalhar com os pacientes sempre buscamos olhar para o passado para entender o presente e planejar um futuro melhor. O fim de ano permite às pessoas estabelecer novos objetivos, metas e rumo diferentes. A mudança sempre se baseia na análise do passado visando identificar os problemas e soluções ocorridas ou mudanças de rotas que foram necessárias para podermos chegar até aqui. Isso tem grande relevância para ajustar o timão e navegar em direção a base do arco-íris onde, segundo a lenda irlandesa, existe a promessa de um baú cheio de ouro.

A grande maioria das pessoas navega com ambição em busca de águas calmas, límpidas, transparentes e quentes. Algumas com mais ambição, vontade e determinação, outras com menos, mas quem não almeja ou gosta disso?

Muitas vezes pequenas mudanças, que podem parecer insignificantes, promovem grandes consequências. Na teoria do caos de Edward Lorenz ela é utilizada para se referir a decisões pequenas e do cotidiano que levam a grandes consequências ruins.

Na área médica utilizo como exemplo a atividade física diária. Quando um indivíduo acorda para iniciar o seu dia ele toma cerca de 4.000 decisões ao longo das 24 horas seguintes. Levanto agora ou aperto o soneca?; tomo inicialmente banho ou café?; coloco camiseta ou camisa?; faço atividade fisica ou vou direto para o trabalho?.

Inclusive, para simplificar as decisões, executivos que tomam decisões muito importantes todos os dias optam por sempre vestirem “as mesmas roupas”. Justificam com o objetivo de terem menos escolhas a se fazer no dia. Já observaram as roupas do Mark Zuckerberg? Fato é que a realização da atividade física diariamente e a escolha ou decisão de realizá-la vai implicar na redução do risco de doenças cardiovasculares, cérebro vasculares, diabetes, hipertensão e até da depressão.

A utilização da medicina baseada em evidências nos mostrou com clareza a importância da realização da atividade física diária para a manutenção da saúde mental e da qualidade de vida. Da mesma forma que a escolha em não realizar acarretará consequências ruins na velhice. Haverá uma diminuição de pelo menos 5 anos na expectativa de vida, além do prejuízo de qualidade no final desta.

Sempre existe a relação causa e consequência. O que plantamos hoje, colhemos amanhã.

Aí o caro leitor dirá, já que não fiz nos últimos anos iniciar agora não resolverá. Nunca é tarde para recomeçar. O organismo tem uma magnífica capacidade de regeneração e adaptação. Começar agora sempre será melhor do que o nunca iniciar.

Recentemente, revendo o filme História Sem Fim, lembrei dos ensinamentos do meu pai. Em uma determinada cena, o dono de uma livraria fala para o menino: “esse livro não é para você!”. Este, intrigado pela fala do livreiro, “rouba” o livro para lê-lo. No final da cena o livreiro, vendo o menino sair da livraria com o livro escondido, abre um sorriso. Meu pai, como excelente professor, sempre dizia: “o que vêm dos outros não é ensinamento e sim provocação!”.

Independentemente de intempéries do passado sempre haverá o dia primeiro do ano ou a próxima segunda-feira para recomeçar.

Indico fazer uma relação, com o máximo de informações possíveis, em três diferentes esferas. Pessoal, profissional e financeira. Claro que uma impactará diretamente na outra. Exemplo: se eu for promovido, vou ganhar mais x valor mensalmente que me permitirá adquirir y item até o início do próximo ano. O planejamento de metas que as empresas realizam anualmente devem ser feitas também pelas pessoas comuns.

Com isso, sem dúvida alguma, você estará mais próximo de alcançar seus objetivos traçados e planejados ou de fazer aquela viagem sonhada para Maya Bay.

Dr. João Luiz da Fonseca Martins
Médico Psiquiatra CRM-PR 24.289 e RQE 3.011
Diretor Técnico Clínica Iátrica